A CAACI projeta novas linhas de investigação sobre o cinema e o audiovisual na Ibero-América

Os seus dois primeiros Grupos de Trabalho irão analisar a situação do cinema indígena e da igualdade de género através do audiovisual na região

A Conferência das Autoridades Audiovisuais e Cinematográficas Ibero-americanas criou dois Grupos de Trabalho com o objetivo de analisar a situação do cinema indígena e da igualdade de género através do audiovisual na região, e contribuir para gerar ações estratégicas e políticas públicas que os incentivem.

No Grupo de Trabalho de Igualdade de Género através do Audiovisual participam representantes da Argentina, Nicarágua e Peru, bem como da Federação Ibero-americana de Academias das Artes e das Ciências Cinematográficas (FIACINE).

Pelo seu lado, o Grupo de Trabalho de Cinema Indígena, cumprindo o disposto na “Declaração de Assunção” de 2019, é composto pela Bolívia, Colômbia, Equador, México, Paraguai e Peru.

No âmbito das ações estratégicas que a CAACI realiza no seu objetivo de contribuir para o desenvolvimento da cinematografia e do audiovisual dentro do espaço audiovisual dos países ibero-americanos, e em coordenação com os referidos Grupos de Trabalho, foi acordado conduzir um levantamento de informações que permita a elaboração de relatórios oficiais sobre ambas as temáticas.

Cinema Indígena

A investigação sobre Cinema Indígena tem como objetivo identificar as convocatórias e os estímulos específicos que fomentam determinados aspetos da identidade indígena no cinema e no audiovisual (a língua, por exemplo), bem como a quantidade de recursos públicos destinados a esse fim, a própria definição de “cinema indígena”, as mostras e festivais dedicados ao tema, a participação de realizadores indígenas e, em geral, todas as ações afirmativas que se realizam a favor da sua promoção e circulação.

Uma primeira apresentação dos resultados do relatório teve lugar no Grande Fórum Mundial das Artes, Cultura, Criatividade e Tecnologia (GFACCT) celebrado em Medellín, Colômbia, no início de Setembro.

O relatório mostra que desde 2009 vários países da Ibero-América destinaram no total mais de 4,3 milhões de dólares a favor do cinema indígena, seja através de convocatórias específicas que fomentam um aspeto da identidade indígena ou que promovem a participação de profissionais e técnicos que se identificam como indígenas.

Os países que até 2020 destinaram recursos através de convocatórias específicas são o Equador, a Colômbia e o México; os mesmos que também incluem projetos de cinema e audiovisual ligados a comunidades afrodescendentes. Pelo seu lado, os países que no mesmo período têm incentivado um aspeto da identidade indígena são o Peru, a Colômbia e o Equador.

Outro dado exposto no relatório preliminar é que a Colômbia e o México são os únicos países da região que contam com unidades especializadas para o incentivo ao cinema indígena e afrodescendente. A Colômbia fá-lo através do Projeto de Comunicação Étnica e o México através da Direção de Vinculação Regional e Comunitária do IMCINE (Instituto Mexicano de Cinematografia).

Igualdade de Género através do Audiovisual

A investigação sobre o Fomento da Igualdade de Género através do Audiovisual tem como objetivo analisar os aspetos ligados às definições de “género” que os países ibero-americanos usam e aos sistemas de participação de mulheres na atividade cinematográfica e audiovisual, bem como os recursos destinados através de estímulos diretos e linhas de incentivo, a circulação de obras com realizadoras, guionistas e produtoras mulheres, o estabelecimento de protocolos para criar espaços seguros de trabalho, e outras ações afirmativas relacionadas.

Uma primeira apresentação dos resultados deste relatório teve lugar no âmbito da 69.ª edição do Festival de San Sebastián que terminou no dia 25 de setembro.

Entre os dados destacados no encontro basco ficou exposto que seis países da região – o Chile, a Colômbia, a Costa Rica, o Peru, o México e a Guatemala – incluam uma definição de “género” na sua normativa destinada a incentivar políticas de igualdade; que três países criaram unidades especializadas para esse fim: A Argentina, o Chile e a Colômbia; e que cinco contam com relatórios que descrevem a situação de género dentro da sua atividade audiovisual: Argentina, Chile, Equador, Espanha e Uruguai.

O relatório mostra também que o Programa Ibermedia, desde a sua criação em 1998, selecionou 241 projetos realizados por mulheres para a concessão de fundos de apoio à coprodução, o que representa 25,1% do total de projetos beneficiados. Este número aumenta a partir de 2015, quando os projetos realizados por mulheres atingem 30,4% do total.

“As linhas de investigação refletem um compromisso dos países em proporcionar maior ênfase à diversidade cultural e igualdade de género no processo de integração do espaço audiovisual ibero-americano. Os resultados permitirão igualmente ter uma linha de base para analisar os progressos periodicamente, e o desenvolvimento de ações e estratégias em conjunto”, indicou Michel Salazar, coordenador das linhas de investigação e consultor jurídico da SECI.

Informações adicionais

  • Os dois relatórios foram elaborados pela Secretaria Executiva da Cinematografia Ibero-Americana (SECI) e incluem dados proporcionados pelo Programa Ibermedia.
  • No levantamento de informações foram incorporadas perguntas sobre o incentivo à diversidade de sexo genérica (LGTBQ+) a fim de ter uma primeira aproximação a outros aspetos da inclusão através do audiovisual.
  • No âmbito das suas ações estratégias, a CAACI acordou também abrir uma linha de investigação sobre o incentivo à coprodução e à circulação de conteúdos entre os países que participam na Conferência. Neste relatório está também previsto analisar a relação dos Estados com as plataformas de streaming e exibição de conteúdos audiovisuais por subscrição.
  • A convocatória de parceiros estratégicos que queiram colaborar com esta investigação permanece aberta. Podem escrever-nos para proyectos@caaci-iberoamerica.org

Nas fotografias, Jaime Tenorio, Secretário Executivo da CAACI; Beatriz Navas, Diretora-Geral do Instituto da Cinematografia e das Artes Visuais de Espanha (ICAA), e Cristina Andreu, Presidente da Associação de Mulheres Cineastas e de Meios Audiovisuais (CIMA), durante a apresentação dos primeiros resultados da investigação sobre o Fomento da Igualdade de Género através do Audiovisual que se realizou no âmbito da 69.ª edição do Festival de San Sebastián. © SSIFF.