Adelfa Martínez, Diretora de Cinematografia da Colômbia, irá ceder a Pierre Emile Vandoorne, Diretor do Audiovisual, da Fonografia e dos Novos Meios do Peru (DAFO), o cargo da Secretaria Executiva da Conferência das Autoridades Audiovisuais e Cinematográficas Ibero-americanas (CAACI).
A candidatura peruana foi eleita na XXXV Reunião Ordinária da CAACI que se celebrou há alguns dias em Roma. Vandoorne irá substituir a colombiana Martínez e o seu mandato de dois anos irá concluir em novembro de 2020.
Criada em novembro de 1989 mediante a subscrição do Acordo de Integração Cinematográfica Ibero-americana, a CAACI é um organismo internacional que procura contribuir para o desenvolvimento da cinematografia dentro do espaço audiovisual dos países ibero-americanos através de uma participação equitativa na atividade cinematográfica regional baseada na integração.
A candidatura de Vandoorne foi eleita, entre outros motivos, pelo seu grande trabalho à frente da DAFO. Na CAACI terá a oportunidade de suceder a países que são referências regionais do incentivo ao audiovisual, como a Venezuela, o Brasil e a Colômbia.
Bachelor of Art (BA) in Film Studies e com um mestrado em Literatura Hispano-americana, Vandoorne é professor universitário de Artes Visuais, editor de livros e, desde 2012, gestor público no Ministério da Cultura peruano, primeiro como coordenador do gabinete de Incentivo à Leitura e, um ano depois, como diretor da DAFO.
Há dois meses, o hoje eleito Secretário Executivo foi notícia no seu país por ter conseguido que o Ministério da Cultura peruano alargasse as categorias da atividade audiovisual às séries e animação, a cujos apoios económicos os cineastas podem concorrer desde 2018.
Também conseguiu que uma parte desses fundos se destinasse a projetos de conservação do património audiovisual, espaços alternativos para a projeção de filmes, pilotos de série de televisão, gestão cultural ligada ao audiovisual e desenvolvimento de novos meios como os videojogos.
Posteriormente, em fins de outubro, a ministra da Cultura do Peru, Patricia Balbuena, celebrava a aprovação do projeto da nova Lei para Promover a Cinematografia e o Audiovisual pela Comissão da Cultura e Património Cultural do Congresso da República, a fim de dinamizar a produção de ficções, documentários, séries e desenhos animados, bem como a formação audiovisual e o impulso de festivais e salas de exibição.
Todas iniciativas fundamentais para a cinematografia e o audiovisual peruanos, cuja anterior Lei do Cinema foi aprovada há 24 anos (1994) e entrou em vigor em 1996.
Os 30 anos da CAACI
Vandoorne chega à CAACI numa altura crucial. Após a grandiosa comemoração dos primeiros 20 anos do Programa Ibermedia (quase 100 milhões de dólares investidos nas suas três linhas de apoio: Co-produção, Desenvolvimento e Formação: 2396 projetos beneficiados, mais de 1600 filmes estrados e apoio indireto a 2000 empresas e a mais de 10000 profissionais do setor), o secretário peruano terá a tarefa de organizar a comemoração dos 30 anos da CAACI.
Além do Ibermedia, outros programas destacados da CAACI são: DocTV Latino-América, um programa de incentivo à produção e teledifusão do documentário latino-americano; Ibermedia TV, para aproximar as cinematografias da região aos mais vastos públicos através das televisões públicas da América Latina; Pantalla CACI, uma plataforma que disponibiliza um cuidado catálogo das cinematografias da América Latina, Espanha e Portugal através de instituições de Formação, Educação e Cultura da região; e o Observatório Ibero-americano do Audiovisual (OIA), que gera informação especializada do espaço audiovisual ibero-americano para contribuir para a elaboração de políticas públicas.
Como o novo Secretário Executivo da CAACI escrevia em setembro de 2017, “o audiovisual é, há cem anos, o meio fundamental de transmissão de conhecimentos, informação e valores sociais. Sem ele, é impossível uma compreensão integral do mundo contemporâneo, pois é o registo e a expressão da nossa história coletiva e das nossas histórias individuais”.
E concluía: “Por seu lado, o cinema é, literalmente, uma luz na escuridão”.