Um instantâneo coletivo. A LaTam Cinema celebra com um suplemento especial os 30 anos da CAACI

A plataforma de informação especializada LaTam Cinema juntou-se à comemoração dos 30 anos da Conferência das Autoridades Audiovisuais e Cinematográficas Ibero-americanas (CAACI) com a publicação de um suplemento especial de 34 páginas no qual analisa o percurso da instituição e descreve os seus marcos nas suas três décadas de vida.

A reportagem que abre o suplemento realça o trabalho e os esforços realizados pela CAACI para a integração audiovisual e cinematográfica da região “através da implementação de diferentes quadros legais e programas de incentivo e divulgação do cinema ibero-americano”.

“Se existe um estado que possa definir este 30.º aniversário, é o da reflexão”, lê-se no texto. “Desde o seu início, a CAACI tem criado diferentes normativas para incentivar e favorecer as condições para a coprodução” de obras audiovisuais que reflitam a diversidade cultural dos 22 Estados que a compõem, incluindo Itália, que foi o último a aderir à instituição em 2016 sob a figura de país convidado.

Um exemplo é o acordo de entendimento assinado recentemente com a Federação Ibero-americana de Produtores Cinematográficos e Audiovisuais (FIPCA) com “a ideia de que possa haver um diálogo fluido entre as associações de produtores e a CAACI que nos permita conceber o melhor possível os instrumentos que promovam a coprodução”, explica o Secretário Executivo da instituição, o peruano Pierre Emile Vandoorne.

E como refere um dos secretários históricos da CAACI, o brasileiro Manoel Rangel, “é preciso procurar sempre que exista equilíbrio entre os países grandes e pequenos em termos económicos e territoriais, assumindo o princípio de que todos e cada um são muito importantes para a diversidade e a pluralidade do audiovisual ibero-americano”.

O suplemento da LaTam Cinema tem como título 30 anos da CAACI. Um instantâneo coletivo e pode ser ido tanto em português como em espanhol.

Entre os marcos da instituição destacam-se, entre outros, a criação do Programa Ibermedia, do Observatório Ibero-americano do Audiovisual (OIA) ou do Prémio DALE! (Desenvolvimento América Latina-Europa, antes chamado CAACI-EFADs) que é entregue no Festival de San Sebastián, como se pode ver na infografia seguinte:

 

Circulação, línguas indígenas e diferença de género

Além de percorrer “os caminhos rumo à integração regional”, o suplemento apresenta também um instantâneo sobre a circulação do cinema ibero-americano face à hegemonia de Hollywood, sobre a representação audiovisual dos povos indígenas e sobre a redução da diferença de género, eixos estratégicos na atividade da CAACI.

“A circulação do audiovisual ibero-americano”, tanto nos próprios territórios como na região, continua a ser o principal tendão de Aquiles do setor”, lê-se na secção Diversidade em circulação.

“É assim que as instituições de cada país o identificam, e também os e as profissionais da indústria regional. Tal como Vandoorne afirma, «temos um acordo que procura construir um espaço comum audiovisual latino-americano e ibero-americano, e isso é algo que não conseguimos no continente: conseguir a circulação dos nossos conteúdos nos nossos países»”.

A exceção é a República Dominicana, cujo panorama “é analisado e invejado em toda a região [pois] o cinema dominicano abrange mais de 20% da quota do mercado no circuito comercial [graças a] programas de formação e difusão do cinema nacional a fim de criar novos públicos, bem como de exibição itinerante”.

Quanto à representação – e auto-representação – dos povos indígenas no cinema, “é uma das grandes tarefas pendentes da região”.

Por este motivo, “em maio de 2019, a CAACI emitiu uma declaração que abordava o seu compromisso com a promoção e valorização das línguas indígenas, bem como com a necessidade urgente de as preservar e fomentar o seu uso através da criação audiovisual […] com três linhas de ação: elaborar um diagnóstico institucional sobre ações impulsionadas, divulgar as obras e apoiar a formação tanto de realizadores indígenas como daqueles que promoverem o uso das línguas indígenas no cinema”.

“Não respeita necessariamente a todos os países da CAACI da mesma maneira, mas é, sim, um interesse coletivo”, diz Vandoorne à autora do suplemento, a jornalista, programadora e produtora audiovisual Marta García.

Para terminar, quanto a reduzir a diferença de género impulsionando a paridade no setor, Vandoorne explica que por agora as propostas agrupam-se em três grandes blocos: “incentivo, formação e visibilidade; e na maioria dos países o ponto de partida são diagnósticos de dados realizados pelas próprias instituições públicas ou por organizações da sociedade civil”.

“Ainda falta avançar muito para atingir a igualdade”, defende María Novaro, diretora do IMCINE mexicano. Por enquanto, refere Vandoorne, “a preocupação está focada em promover práticas que assegurem ambientes seguros, livres de perseguição ou assédio, e aqui há normas que as autoridades cinematográficas podem ajudar a implementar”.

 

Mitigar o impacte da pandemia a partir do público

Durante a crise global gerada pela pandemia de Covid-19, na maioria de territórios apostou-se na “continuidade do calendário institucional e do sistema de financiamento público”.

Nas palavras de Luís Chaby Vaz, diretor do Instituto do Cinema e do Audiovisual de Portugal (ICA), “a continuação do funcionamento do Instituto, nestas circunstâncias, é entendida por todos [incluindo o governo do país] como indispensável para garantir não só o apoio imediato e antecipado aos beneficiários como também para assegurar a continuidade do setor”.

Não foi o único país que “disponibilizou verbas adicionais para mitigar o impacte setorial, tanto através de fundos como através de melhorias tributárias. Foi o caso, entre outros, da Colômbia, El Salvador, Espanha, República Dominicana, Paraguai, Peru ou Argentina”, lê-se no documento.

Em resumo, “em quase todos os territórios foram concebidos protocolos específicos para as filmagens e para a exibição. Neste âmbito, foram apoiados festivais e estreias online, e em vários dos países foram ativados, atualizados ou impulsionados cinemas drive-in e foi apoiado o cinema nacional em plataformas digitais, tanto públicas como privadas”.

E dado que a pandemia continua, “estamos a avaliar outras formas de apoio direto às produções e à exibição, diz, por exemplo, Yvette Marichal, diretora da DGCINE da República Dominicana.

Nestas ligações é possível descarregar diretamente as versões em espanhol e português do suplemento.

E aqui, através do site da LaTam Cinema.